Não tem mais como fugir, o IPv4 chegou ao limite há muito tempo e a necessidade de implementar IPv6 nos Provedores de Internet – ISPs é real. Por isso, fizemos este guia prático para implementar IPv6 de maneira eficiente.
A migração para o IPv6 é uma necessidade que vai além do esgotamento de endereços IPv4. Além do frequente aumento de dispositivos conectados à internet, há ainda dificuldades deste protocolo em atender às demandas de segurança e escalabilidade.
O IPv6 surge como solução para esses desafios, oferecendo maior capacidade de endereçamento, eficiência no roteamento e suporte aprimorado para novas tecnologias como IoT e 5G.
Se você é um provedor de internet – ISP e ainda não realizou a migração para o IPv6, este guia prático ajudará a planejar e executar uma transição bem-sucedida com foco em eficiência e simplicidade.
Por que implementar IPv6?
Precisamos de conectividade para tudo: para trabalhar, para pagar uma conta, ou para ter lazer, e a nossa dependência pela conectividade só aumenta, com cada vez mais dispositivos sendo utilizados no nosso dia a dia. Contudo, o IPv4 não consegue atender às demandas atuais por velocidade, segurança e escalabilidade. Já o IPv6:
- Oferece uma capacidade de endereçamento quase ilimitada;
- Melhora a eficiência do processamento de pacotes;
- Elimina a necessidade de CGNAT;
- Simplifica a configuração e aumenta a qualidade do serviço (QoS).
Além disso, a adoção do IPv6 reduz os custos operacionais associados ao CGNAT e facilita a conformidade com exigências legais relacionadas a logs de conexões. Dito isso, vamos aos passos para implementar IPv6 no seu provedor de internet – ISP.
7 Passos para Implementar IPv6
1. Avaliação da rede e planejamento inicial
Identifique o número de clientes e o crescimento projetado para determinar o prefixo IPv6 ideal. Solicite ao LACNIC de acordo com o tamanho da sua base de usuários e realize uma auditoria detalhada da infraestrutura para identificar atualizações necessárias. Lembre-se de que um bom planejamento evita desperdício de tempo e recursos.
2. Capacitação da equipe
Invista em treinamentos especializados e, se possível, contrate consultorias para garantir a eficiência no processo. É fundamental que a equipe técnica desaprenda vícios do IPv4 e compreenda as particularidades do IPv6, como a importância do ICMPv6 e o uso de SLAAC para configuração automática de endereços.
Além disso, envolva as equipes de desenvolvimento desde o início do processo. A falta de integração entre as áreas de infraestrutura e software pode gerar problemas com aplicações que não reconhecem o IPv6 ou que lidam de forma inadequada com o novo protocolo. Assegure-se de que sistemas como servidores web, bancos de dados e aplicações corporativas estejam preparados para operar em Dual Stack ou em redes exclusivamente IPv6.
3. Verificação do suporte e ajustes de fornecedores
Confirme que seus fornecedores de link, CDNs e equipamentos suportam IPv6. Caso contrário, busque alternativas ou implemente soluções temporárias, como túneis 6in4. Além disso, avalie rigorosamente equipamentos, especialmente CPEs, para garantir que tenham suporte completo ao IPv6, evitando problemas de desempenho e estabilidade.
4. Planejamento da numeração e políticas de segurança
Crie um plano de numeração detalhado usando ferramentas IPAM para gerenciar os endereços IPv6 de forma eficiente. Atualize as políticas de segurança para contemplar as necessidades específicas do IPv6, como a não filtragem de ICMPv6, essencial para o funcionamento adequado da rede. Considere também o uso de listas de controle de acesso (ACLs) para proteger dispositivos na LAN.
5. Implementação inicial e testes piloto
Implemente o IPv6 em uma parte da rede, como em segmentos internos ou em pequenos grupos de clientes. Configure o modo dual stack e monitore o desempenho para ajustes. Inclua testes rigorosos para identificar gargalos, especialmente em cenários de tráfego elevado, e envolva as equipes de desenvolvimento para ajustar aplicações.
6. Configuração da rede de acesso e NAT64
Prepare a rede de acesso para suporte ao IPv6, usando mecanismos como 464XLAT para transição. Implemente NAT64 e DNS64 para eliminar a dependência de CGNAT e assegurar compatibilidade com dispositivos móveis. Certifique-se de que os sistemas de autenticação e provisionamento, como Radius, estejam configurados adequadamente para registrar logs detalhados de conexões IPv6.
7. Ativação em larga escala
Após validar os testes, inicie a implementação massiva do IPv6 em etapas. Atualize CPEs para suporte ao IPv6, garantindo que funções essenciais, como SLAAC e DHCPv6, operem corretamente. Otimize o desempenho da rede e comunique os benefícios aos clientes para uma transição tranquila. Reduza a dependência de IPv4 progressivamente e monitore a performance do tráfego IPv6.
Técnicas de Transição para Implementar IPv6
A transição para o IPv6 pode ser desafiadora, mas existem técnicas práticas para facilitar esse processo. Escolher o método correto depende das características da rede, dos objetivos do provedor e da maturidade da infraestrutura atual.
- Pilha dupla (dual stack): Permite que os dispositivos utilizem IPv4 e IPv6 simultaneamente. Essa técnica é indicada para transições graduais, já que ambos os protocolos operam lado a lado, permitindo que a rede e os serviços sejam atualizados aos poucos. No entanto, ela requer mais recursos, já que a infraestrutura precisa suportar dois protocolos ao mesmo tempo.
- Túneis (tunneling): Consiste em encapsular pacotes IPv6 dentro de pacotes IPv4 para que possam ser transportados por uma rede IPv4. Essa técnica é útil em cenários onde partes da infraestrutura ainda não suportam IPv6. Exemplos incluem 6in4, 6to4 e Teredo. Embora prática, o tunneling pode aumentar a latência e não é recomendado como solução permanente.
- Tradução: Realiza a conversão dos pacotes entre IPv4 e IPv6, permitindo que dispositivos usando diferentes protocolos se comuniquem. As soluções de tradução, como NAT64 e DNS64, são ideais para ambientes onde o tráfego IPv4 precisa interagir com serviços IPv6-only. No entanto, é importante considerar que a tradução pode introduzir sobrecarga e complexidade na rede.
Ao escolher a técnica, leve em conta a maturidade da sua infraestrutura, o nível de conhecimento da equipe e o impacto financeiro. A transição para IPv6 não deve ser apenas funcional, mas também estratégica, para evitar problemas futuros.
Erros Comuns ao Implementar IPv6
Apesar dos benefícios, a implementação do IPv6 pode ser prejudicada por erros recorrentes que impactam a eficiência da rede. Identificar e evitar essas falhas é fundamental para garantir uma transição suave e funcional. Aqui separamos alguns dos erros mais comuns citados na live Intrarede promovida pelo NIC.BR.
- Desativar o IPv6 por falta de conhecimento: Muitas equipes desativam o IPv6 nos dispositivos por desconhecimento, acreditando que isso evitará problemas. Essa prática limita o potencial de teste e transição.
- Falta de planejamento na numeração: Não definir uma estrutura clara para alocação de endereços IPv6 pode levar a desperdício ou falta de consistência na gestão da rede.
- Ignorar o ICMPv6: Filtrar ou bloquear o ICMPv6 prejudica funcionalidades fundamentais, como a descoberta de vizinhos e a configuração automática de endereços.
- Não envolver equipes de software: Aplicações que não suportam IPv6 adequadamente podem causar falhas em serviços críticos, como autenticação e monitoramento.
- Subestimar a homologação de equipamentos: Implementar dispositivos sem verificar seu suporte completo ao IPv6 pode causar gargalos e problemas de compatibilidade.
- Acreditar que dual stack é o objetivo final: Dual stack é uma solução transitória. Prolongar sua dependência aumenta a complexidade e os custos operacionais.
Como a Eletronet apoia os provedores de internet na transição
A Eletronet já opera em dual stack para suportar IPv4 e IPv6 simultaneamente, garantindo uma transição suave para seus clientes. Com uma rede Full IP moderna e escalável, a Eletronet ajuda os provedores a se prepararem para um futuro totalmente IPv6, sem comprometer a experiência atual.
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